Matilde por Leonardo Cribari

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

ANDALUZIA DO BREJO DA GUABIRABA

Depois de andar por uma terra encantada, chamada Andaluzia, volto a minha terrinha, com uma sensação de que pertenço a outro lugar.
E o lugar é Andaluzia.
Que luz, que aroma, que cores....Enlouqueci!
Cheguei a um lugar que conseguiu atingir meus cinco sentidos...De uma força, que no primeiro momento foi como se tivesse levado um soco nos sentidos.
Foi difícil me despedir dela...Mas eis que é chegada a hora, e senti que deixava uma parte de mim lá.Mas como não trazer um pouco dela para perto de mim???
Eu muito frouxa e seguidora de normas e condutas, vacilei. Mas uma amiga, me disse: Leva essa laranja com você! Por que não?. Vale a pena tentar.

Trouxe um fruto.
Laranja cor de laranja.
Passaram-se 10 dias. Ele quieto. Como se estivesse reconhecendo onde estava.
Eu com medo.
Medo que aquele fruto não tivesse sementes suficientes para meus planos.

Pesquisei, perguntei...andei para todos os lados.
Num belo dia, resolvo que não posso mais esperar. Abro o fruto, consulto especialistas. Planto.

Ele brotou!!!! Num dia lindo de verão nordestino.

Passaram oito meses na minha janela. Foram meus companheiros de pranto, alegrias, esperanças.

Chegou a hora de mais uma mudança.E como nada acontece por acaso, retorno ao Brejo. Aquele Brejo, que como o nome já diz,é rico em água e solo fértil. Solo não me faltava. O que precisava era escolher um lugar digno.

Olho para os quatro cantos, e bato o olhar numa árvore maravilhosa, minha amiga de outras datas. Uma Barriguda secular.

Ali seria o encontro perfeito. Minhas laranjeiras andaluzas e a Barriguda, que como toda boa amiga mais velha, cuidaria das minhas pequeninas mudas .

Hoje tenho um jardim, ainda pequeno e em faze de crescimento, mas cheio de brotos verdinhos de laranjeiras andaluzas, como se estivessem contentes com o novo lugar escolhido.

O meu brejo, aquele Brejo da Guabiraba, agora para mim e para meus companheiros de jornadas de trabalho, que ficaram tão curiosos, com Dona Matilde plantando laranjas, e que me ajudam a tratar delas com carinho.
Que já conhecem os jardins da Mesquita de Córdoba, de pés de laranjas de Cádiz, já rebatizamos nosso local. Agora se chama Andaluzia do Brejo da Guabiraba.

Crescei e multiplicai.

Fico devendo as fotod. Em breve publicarei.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

FUNERAL BLUES

Ele dispensa apresentações.
Amor antigo, companheiro de tantas histórias.


FUNERAL BLUES

Stop all the clocks, cut off thr telephone.
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let airplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policeman wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood;
For nothing now can ever come to any good.

W. H. Auden (1907 - 1973)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

RIFA-SE UM CORAÇÃO





RIFA-SE UM CORAÇÃO
Clarice Lispector





Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.


Rifa-se um coração
que na realidade está um pouco usado,
meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos,
e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente
que nunca desiste de acreditar nas pessoas.





Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia estava certo
quando escreveu...
"não quero dinheiro,
eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...





Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece,
e mantém sempre viva
a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida
que vive procurando relações
e emoções verdadeiras.





Rifa-se um coração que insiste
em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo
em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.





Rifa-se este desequilibrado emocional
Que abre sorrisos tão largos
que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.





Um órgão abestado
indicado apenas para quem
quer viver intensamente
E contra indicado para os que apenas
pretendem passar pela vida
matando o tempo,
defendendo-se das emoções.





Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro
na hora da prestação de contas:
" O Senhor poder conferir",
eu fiz tudo certo,só errei
quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi
este louco coração de criança
que insiste em não endurecer
e, se recusa a envelhecer".





Rifa-se um coração,
ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito
que não maltrate tanto
o ser que o abriga.
Um coração que não seja
tão inconseqüente.





Rifa-se um coração
cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras
que, ainda não foi adotado,
provavelmente,
por se recusar a cultivar
ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.





Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.





Um velho coração
que convence seu usuário
a publicar seus segredos
e, a ter a petulância
de se aventurar
como poeta.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

ENCONTROS


Um fato é certo: Estou novamente com ganas de escrever.
Querer compartilhar pensamentos, sentimentos, histórias, me faz sentir gente.
Me faz senti viva.
Escrevo como falo, construo histórias como se estivesse na mesa de um bar conversando com amigos, longe das régras literárias.
Apenas conto...
É nesse espírito que quero falar dele. Outro Capitão.Não dos mares de acolá. Mas Capitão dos sentidos.
Ele é minha nova paixão.
Seu nome: Beethoven.
Sei, esse papo de música erudita parece cansativo, lugar comum.
Mas o que quero falar aqui não é nenhum tratado técnico (mesmo porque não tenho conhecimento para tal).Mas sim, desse meu novo/velho encontro com ele.
Tudo começou numa noite de chuva, nada para fazer.
E aí?
Corro numa locadora para ver as novidades e me deparo com o filme “O Segredo de Beethoven.
Adimito que só loquei o filme porque quem fazia o papel principal era Ed Harris, que adoro de carteirinha. Mas, para minha grande surpresa, fiquei apaixonada. No começo não sabia dizer se por Ed ou por Beethoven.
Mas aquela música (que conhecia, só não identificava de quem era), não me saia da cabeça.
Passam os dias, e corro nas lojas da cidade a procura do disco com a Nona Sinfonia. Não achei, e caiu no esquecimento.
Tenho que contar também, que estou vivendo uma nova pessoa em mim. Não desconhecida, mas apurada. Talvez por isso só agora tenha tido encontros maravilhosos como esse.
Sinto que se fez necessário percorrer todo um caminho, de risos, de choro, de alegrias, de sentimentos, para poder está aqui hoje, ligar o som no volume quase máximo (Olha os vizinhos!) e poder entrar nessa música com os sentidos apurados.
As vezes penso que estou enlouquecendo, mas se isso é loucura, eu quero!
Hoje consegui encontrar o disco. E não me contive. Tive que escrever. Quero dividir!
Deixo aqui um pouco sobre ele (muito pouco, diga-se de passagem).
Minha fonte de pesquisa, a wikipédia. Salvadora de todos os assuntos!
Espero que gostem!



“Não o percam de vista, um dia há de dar o que falar”
(Wolfgang Amadeus Mozart)

É assim que quero começar a falar dele. Não por minhas palavras, mas pela de outro, nada mais que Mozart, ao conhecer Beethoven , aos 17 anos em Viena.
Ele nasceu em Renania do Norte ( Alemanha, precisamente Bonn) em 17 de Dezembro de 1770.
Sua família tinha origem flamenga. Filho de Maria Madalegna Kewerich, filha das chefs de cozinha do príncipe da Renania e de um músico alcoólatra, Johann Van Beethoven, Teve seis irmãos, dos quais apenas dois chegaram a idade adulta.
Tinha como hábito despejar água fria na cabeça, para despertar o cérebro.
Por volta dos 24 anos, sente os primeiros sintomas de surdez. Apesar de feito todos os tratamentos disponíveis na época , aos 46 anos estava praticamente surdo.


“Embora tenha feito muitas tentativas para tratá-la durante os anos seguintes, a doença continuou a progredir e, aos 46 anos (1816), estava praticamente surdo. Porém, ao contrário do que muitos pensam, Beethoven jamais perdeu toda a audição, muito embora não tivesse mais, em seus últimos anos, condições de acompanhar uma apresentação musical ou de perceber nuances timbrísticas. Em sua obra 'Uma Nova História da Música', Otto Maria Carpeaux afirma que Beethoven assistiu à primeira apresentação pública da sua 9ª Sinfonia (ao lado de Umlauf, que a regeu, como ficou registrado por Schindler e mais tarde por Grove), mas abstraído na leitura da partitura, não pôde perceber que estava sendo ovacionado até que Umlauf tocando seu braço, voltou sua atenção à sala, e Beethoven se inclinou diante do público que o aplaudia. De 1816 até 1827, ano da sua morte, ainda conseguiu compor cerca de 44 obras musicais.
Depois de 1812, a surdez progressiva aliada à perda das esperanças matrimoniais e problemas com a custódia do sobrinho o levaram a uma crise criativa que faria com que durante esses anos ele escrevesse poucas obras importantes.
A partir de 1818 Beethoven, aparentemente recuperado, passou a compor mais lentamente, mas com um vigor renovado. Surgem então algumas de suas maiores obras: Sonata nº 29 em Si bemol maior op.106 [Hammerklavier] (1818), Sonata nº 30 em Mi maior Op.109,
Sonata nº 31 em Lá bemol maior Op.110 (1822), Sonata nº 32 em Dó menor Op.111 (1822), Variações Diabelli Op.120 (1823), Missa Solemnis Op.123 (1823). A culminância desses anos foi a Sinfonia nº 9 em Ré menor Op.125 (1824), para muitos a sua obra-prima. Pela primeira vez é inserido um coral num movimento de uma sinfonia, inserida a voz humana como exaltação dionísica da fraternidade universal, com apelo à aliança entre as artes irmãs: a poesia e a música. . O texto é uma adaptação do poema de Schiller “Ode à Alegria”, feita pelo próprio Beethoven.


Sua influência na história da música foi imensa. Beethoven começou a compor música como nunca antes se houvera ouvido. A partir de Beethoven a música nunca mais foi a mesma. As suas composições eram criadas sem a preocupação em respeitar regras que, até então, eram seguidas. Considerado um poeta-músico, foi o primeiro romântico apaixonado pelo lirismo dramático e pela liberdade de expressão.
Ao morrer em 26 de Março de 1827 estava trabalhando supostamente em uma décima Sinfonia. A suspeita vem por causa de vários "S" escritos como identificação nas partituras encontradas. Conta-se que cerca de dez mil pessoas compareceram ao seu funeral. Entre os presentes, Franz Schubert.”


9ª Sinfonia
Letra

Oh amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais prazeroso
E mais alegre!

Baixo, quarteto e coro
Alegre, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
O que o costume rigorosamente dividiu.
Todos os homens se irmanam
Ali onde teu doce vôo se detém.
Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se conosco!
Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,
Uma única em todo o mundo.
Mas aquele que falhou nisso
Que fique chorando sozinho!
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!


Tenor e coro
Alegremente, como seus sóis corram
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.

Coro
Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões se deprimem diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do Céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora!

domingo, 11 de novembro de 2007

Curiosidades - I

"SEGURAR VELA"

Dito é popular desde a Idade Média.
Quando não existiam as lâmpadas - que podiam ser alimentadas por óleo de baleia ou gás -, as velas eram a principal fonte de luz. Por isso, na Idade Média, os iniciantes em todo tipo de trabalho braçal seguravam velas para que os mais experientes enxergassem o que faziam.Em teatros e outros lugares que funcionavam à noite, por exemplo, haviam garotos acendedores de vela. Em francês, uma das explicações da expressão ("tenir la chandelle") se refere a criados que eram obrigados a segurar os candeeiros durante as relações sexuais de seus patrões e se manter virados de costas para não ver o que acontecia. Entre 1500 e 1600, "segurar vela" passou a significar "ajudar em uma posição subordinada, desconfortável". Com o tempo, serviu para designar a amante de um triângulo amoroso, e, mais recentemente, o amigo solteiro que acompanha o casal.

Aventuras na História - Edição 51 - Novembro - pag 19

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Conto de Natal

Por mais que se discutam datas, seus reais valores, significados e tudo o mais que possa caber nesse assunto, e por personalidade detestar data marcada, hora marcada, dia disso e dia daquilo, ou qualquer coisa que de leve se assemelhe a “obrigação de”, devo dizer que as datas de finais de ano sempre tiveram um significado lúdico e fantasioso para mim.
Na minha infância, isso há trinta e poucos anos atrás, fui privilegiada por pais, nesse caso, mais especificamente por uma mãe que bebia do mundo. Morávamos em Recife, então “cidade pequena, porém decente”.Televisão colorida era a grande novidade tecnológica, e nós colocávamos papel celofane colorido para que ela saísse do preto e branco e adquirisse uma outra coloração! Bons tempos.
A programação da TV chegava do eixo Rio-São Paulo com alguns dias há mais de diferença.
Ir a Penedo, na beira do Rio São Francisco era uma viagem do outro mundo...Levávamos horas para chegar.
Meu pai representava (até hoje representa) uma firma de aparelhos topográficos da Suíça, e por isso ia com certa freqüência àquele país, inclusive morando lá por uns tempos.
Minha mãe, mulher com antenas parabólicas afinadíssimas e com sede de conhecimento, já nessa época, acompanhava meu pai em suas constantes viagens a Europa.
Fomos criados, meio que peixes fora d’água, pois a cada viagem de meus pais, minha mãe retornava cheia de entusiasmo com a cultura do mundo lá fora, e criava seus filhos cheios de novidades.
Lembro-me bem, que ela criava cardápios da semana culturais. Comíamos as comidas típicas de determinado país, ela nos ensinava algumas palavras do idioma, contava suas histórias, costumes, como eram as crianças. Nós, pequenos, ficávamos encantados com tantas novidades.
Uma vez ela nos vestiu de japoneses. Os quimonos eram duas toalhas de banho: Uma enrolada na cintura e outra passada sobre os ombros, e traspassada na frente. Era uma maravilha. Não queríamos mais retirar nossos trajes japoneses!
Dentro desse espírito, e com muitos amigos feitos mundo a fora, os finais de ano eram datas mais do que esperada por nós. Não pelos enfeitas da casa, ou presente de Papai Noel, pois fomos criados dando valor a outras coisas, mas por uma caixa que religiosamente nos chegava em meados de Novembro.
Vinha da Suíça, toda embalada, e com cheiro de Europa.
Adelaide, amiga suíça de minha mãe, nos mandava preciosidades. Ela reunia ali dentro todo o ritual que uma criança de sua terra fazia nas festas Natalinas. Vinha estrela de vidro para pendurar nas janelas, meias de lãs para a lareira (que lareira?) lembrancinhas para nós, doces típicos da época... E o principal, aquilo que minha mãe todo ano fazia suspense, e nós ficávamos apreensivos pela sua aparição: Um calendário. Não um calendário qualquer. Mas um que era uma cartolina grande, com uma cena natalina bem européia, e com 25 janelinhas, que eram abertas uma a uma nos dias de Dezembro. Aquilo era um sonho...Brigávamos eu e meus dois irmãos para ver quem abriria as janelinhas, quem se acordava primeiro...Os calendários de Adelaide eram maravilhosos.

Essa lembrança sempre andou comigo, e todo final de ano, eu me lembro do calendário. Sonhava em ter um Natal com neve, com aqueles enfeites maravilhosos, com meias e lareiras, com frio, em comprar um pinheiro de verdade para enfeitar...
Os anos se passaram e fui eu um final de ano para uma terra maravilhosa, de uma luz encantadora, de cheiros espetaculares...Era Dezembro, fazia um frio de trincar os dentes, mas o céu era de um azul verão extraordinário. Passaria um mês por lá, e coincidiria com o Natal. Não criei expectativa, o calendário estava guardado e adormecido em algum lugar da memória.
Os dias foram passando, e o clima de Natal começou a chegar.
Primeiro, fui surpreendida com a notícia. “Precisamos sair para comprar nossa árvore”. Meus olhos pularam, meu coração começou a bater descompassado. Era aquilo mesmo que eu estava ouvindo?.Compraríamos uma árvore de verdade? Não cabia em mim...fiz questão de ir para ajudar na compra da árvore. Escolher, carregar, ou qualquer tarefa que sobrasse para mim....
Como se os deuses estivessem me ajudando, a sala na qual a árvore ficaria tinha uma lareira, bela, já com os preguinhos para as meias!
Meu calendário de Natal estava se formando, e eu, como criança boba estava novamente abrindo janelinhas, pois a cada dia tinha uma novidade.
Quando eu achava que ele já estava completo, falaram-me de preparar “O Nascimento”. Para isso precisávamos colher musgos para enfeitar.
O Nascimento, que para nós é Lapinha ou Presépio, era de uma construção bem complexa, pois além das figuras de Maria e José, dos Reis Magos e do Menino Jesus, tinha toda uma população de bonecos, e um cenário incrível , com céu estrelado, riachos com quedas d’água, cacimbas, musgos maravilhosos nos jardins, montanhas feitas com casca de árvore.Um sonho!
Nossa noite de Natal foi divina, divina mesmo!
Nesse dia, tive certeza que Papai Noel existe, e que meu calendário fantástico me guiou até ali.
Hoje, já próximo de mais um final de ano, trago comigo o calendário e o Natal do “Nascimento”.

Aos meus amigos Dona Andorinha e Sr. Capitão, por me darem esse Natal maravilhoso.
A minha mãe, por suas “viagens” extraordinárias.

Com amor

Matilde Rodrigues

domingo, 19 de agosto de 2007

Amor, I Love You

"Tinha suspirado.
Tinha beijado o papel devotamente.
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades. E o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas. Como um corpo ressequido que se estira num banho lépido.
Sentia um acréscimo de estima por si mesma. E parecia-lhe que entrava enfim uma existência superiormente interessante.
Onde cada hora tinha o seu intuito diferente. Cada passo conduzia um êxtase. E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações"

Trecho do romance - O Primo Basílio, de Eça de Queiroz

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Rindo a Tôa

Depois de um longo tempo sem mandar notícias, estou aqui novamente.
E rindo a tôa, o que é melhor!
Vou explicar.
Primeiro, foi aquela conjunção astrológica de inferno astral( Aqueles dias que antecedem ao nosso aniversário) que me fez ficar inteiramente introspectiva e sem vontade de nada. Me lembrou aquela música " Socorro não estou sentindo nada!!!"
mas como tudo, passou.
Veio o aniversário, farras e farras e agora estou eu aqui!
Vocês devem está querendo saber porque estou rindo a tôa. Vou contar....mas é segredo rsrsrsrsrsrs
Primeiro porque , depois de muito tempo, as coisas estão tomando seus lugares...pois, quando não podemos resolver como queremos a vida se encarrega de fazê-lo.
E para completar o quadro, recebi notícias do Capitão....
Parece que seu navio está cada vez mais distante do cais...mas continuo a esperar....
Os ventos mudam...e aí....estarei aqui.

Um grande beijo


Matilde

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Muralha da China

Agora há pouco estava lendo uma matéria sobre, tansferir a responsabilidade para o outro , auto estima e tudo o mais que possa caber dentro desse contexto....
Lendo assim, me assola uma sensação de pequenês, de mulher perdida no espaço...
Mas fica aqui o meu discurso.
Não quero que os outros resolvam os meus problemas, mas gostaria muito que o outro estivesse presente junto com os meus problemas...
Até quando é transferencia de responsabilidade, até quando é baixa outo estima , isso deixo para os mais letrados em psicologia e todas as teorias de análise...
O que posso dizer , o que quero dizer...
Quero o outro sim...e se ele me elevar a um patamar de não problemas, melhor ainda...
Estou cansada desses discursos de mulher super poderosa...
Sou não!

Sou carende , aderente e dependente...
Cansei de ser muralha da China!

Isso deixo para as novatas de plantão.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

O que é que houve meu amor, você mudou os seus cabelos?

Ontem resolvi radicalizar.....
Quando tudo está parado, marasmo mesmo, se não acontecem coisas, façamos por acontecer!
E como não tinha muitas alternativas, resolvi que o mais prático, objetivo e barato seria uma mudança total no visual...
E lógico, que isso implica numa ida ao cabeleireiro e sair de lá com outra cara.
Pois, foi isso justamente o que fiz!
Não me importava o tamanho, a cor, se lisos ou cacheados... Me importava sim, sair dali com cara de uma nova pessoa, essa a quem estou procurando.
Dar identidade a uma nova fase de vida.
Fiz tudo isso por impulso, por “intuição feminina”, mas depois, pensando nas outras vezes em que tomei igual atitude, percebi que todas as vezes que mudei totalmente os meus cabelos, estava associado a uma grande guinada de vida.
E hoje, conversando com minha fada madrinha mor, ela me veio com um texto que foi bárbaro:
_ Sabe por que as mulheres escolhem os cabelos para sinalizar as mudanças? Perguntou-me ela
_ Não, respondi eu.
_ Ora! É mais barato que uma Lipoaspiração! (rsrsrsrsrsrsrs)

Conversei com outras amigas, e qual não foi a minha surpresa, que todas tinham tido atitudes parecidas com a minha nos grandes momentos de mudança de vida...

Pois, Matildinha, aguarde , que novos ventos estão começando a soprar na beira de seu cais...
Espero por eles ansiosamente...

E hoje entendo uns versos de uma canção que já tinha adotado anteriormente, sem entender muito seu significado:

“_ O que é que houve meu amor, você mudou os seus cabelos?
_ Foi a tesoura do desejo. Desejo mesmo de mudar!”

sábado, 19 de maio de 2007

Falando para mim...

Enquanto esquento minha cabeça, remoendo: o que escreveria desta vez?Vão acontrecendo coisas, e como tudo , surpresas também acontecem...
Tenho andado um pouco, não , muito, sem inspiração...ou são tantas que me perco na elaboração de algumas idéias...Essa sim talvez seja a verdade...quero falar de tantas coisas que me perco imaginando textos, situações e aí o momento passa.....e a história também...
Mas , enquanto tudo isso acontecia, recebo esse comentário....e aí gostaria imensamente e dividir com todos
É de uma pesoa que me é muito, muitíssimo grata, uma amiga irmã, gente muito boa. Mas boa mesmo....daquelas que você se acha um afortunado de ter junto....

Deixo aqui suas palavras carinhosas, amiga, irmã....

"Matilde, Matildinha
Cada vez te admiro mais
Cada vez te vejo um pouco mais
E te amo mais

Matilde, Matildinha
Não te aflinjas
Tuas sinas não são tuas somente tuas
Tuas iras, tampouco
Teus sonhos, pode ser!
Pois, são teus...
Mas não te aflinjas
Sonhos são de poucos...

Matilde, Matildinha
Penso em você
E só imagino o bem
Penso em você
E lhe desejo um bem!!!!
Penso em você
E digo Amém!
Amém!
Amém!"

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Mãos Atadas


Matilde, Matildinha
Quem foi que te disse que o sol levanta toda manhã?
Não fui eu.
Eu jurei que sabia das coisas!
Que pena nada é como imaginava...
O dia virou noite
E a noite, se de Lua, brilha mas engana!
E ficamos a querer que ela volte...
Quem sabe, traga boas novas,
Ou que São Jorge nos empreste o seu Dragão...
Deixar o passado para trás
Fácil de dizer
Mas difícil de entender
Coisas de quem sofre, de quem ama, de quem crê
Mais e ai...
Para onde ir???
Matilde , Matildinha
Liberta o coração
Pois, ainda existe o Capitão.



Mãos Atadas
Simone Saback

“Eu tenho as mão atadas ao redor do meu pescoço,
Eu queria mesmo era tocar seu corpo
Reprimo meus momentos
Jogo fora os sentimentos e depois?
Depois eu toco meu corpo eu tenho frio
Sou um louco amargurado e até vazio
E me chama atenção
mas eu sou louco é de paixão e você ?

Você que me retire desse poço
Eu sei ainda sou moço pra viver
E te ver assim tão crua
A verdade e toda nua
E ninguém vê?

Eu tenho as mãos atadas sem ação
E um coração maior que eu para doar
Reprimo meus momentos
Jogo fora os sentimentos sem querer
Eu quero é me livrar
Voar
Sumir
perder não sei, não sei querer mais
A qualquer hora é sempre agora chora
Quero cantar você
Vou fazer uma canção liberte o meu pensar
Aperte os cintos para pousar
Agora é hora de dizer muito prazer sorte ou
azar e amar.
Simplesmente amar você."


Matilde , Matildinha
Agora é hora de dizer muito prazer
Sorte ou azar
e amar...
Você?

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Fadas Madrinhas


A imagem que trago comigo desde a infância das fadas, principalmente as fadas madrinhas, era moldada no estereotipo que todos os desenhos de animação infantis da minha época passavam.
A que mais me chamou atenção, foi a de Cinderela.
Uma senhora baixinha, rosto bondoso, sereno, com cabelos brancos e fofos que pereciam algodão-doce. Vestida quase invariavelmente de azul celeste, e com uma áurea de luz. E o mais importante, com uma varinha de condão na mão.
Santa varinha! Aquela que torna tudo possível, apenas num toque! Como me encantava a possibilidade de eu também ter a minha fada madrinha.
Enquanto era criança, acreditava que ela existia e que estava sempre ali do meu lado, me protegendo, fazendo dos meus sonhos realidade!
Somente agora entendo que no percurso da vida fui empurrando cada vez mais para o fundo as minhas mais sinceras vontades e sonhos, e assumindo papeis que eram frutos da vontade de outros e me esquecendo dos meus desejos e das minhas fadas madrinhas.
Podem chamar de crise dos quarenta, de adolescência tardia, do que quiserem, mas a verdade é que nada acontece por acaso, e o tumulto que foi minha vida nestes últimos tempos, me levou a uma parada total. De trabalho, de sonhos, de crenças. Colocou-me numa posição onde nunca estive antes: A de olhar com muita honestidade para mim mesma. De questionar o que realmente quero. A fechar um livro, e não apenas passar uma página. A um balanço de tudo.
Não é fácil, muito pelo contrário, pois do mesmo modo que descubro coisas maravilhosas, encontro também aqueles pequenos diabinhos que com muito cuidado alimento e disfarço de anjos para não ter que enfrentá-los.
Estou aos poucos descobrindo que as fadas continuam ao meu lado Só que agora, em pleno século XXI, elas fizeram uma revolução fashion, e deixaram de lado suas vestes celestiais, e disfarçam sua varinha de condão. Minhas fadas são modernas, algumas até de cabelos vermelhos, mesmo que de vez em quando apareça um azulzinho celestial...Usam seus gestos,pensamentos, palavras,sua força interior,para realizarem suas magias. Seus rostos são inteligentes e vivazes, mas suas áureas de luz continuam lá. E se pararmos para pensar um pouco, descobriremos que elas nunca saíram do nosso lado, apenas demoramos a perceber sua nova roupagem.


Para vocês, que são minhas fadas, muito obrigada por estarem ao meu lado, agüentando todas as alterações climáticas desses últimos tempos, e que como fadas madrinhas nunca deixaram de me tocar com suas varinhas de condão e que foram além, me cuidaram, colocaram no colo, ninaram, riram choraram e sonharam junto comigo.

Com amor



terça-feira, 8 de maio de 2007

Pai

Queria saber rimar,
Pois então não ficaria tão difícil achar
Palavras que quero te dar.

Para ele,
Meu norte, meu sul,
Minha bússola a girar.
Não há tempo ruim ,
Nem nada pra reclamar.

Se fico, se vou,
Se calo ou se grito,
Sinto sempre em meu ombro
O abraço amigo.

Feito de cal e pedra
De amores e dores
Está sempre comigo
Mesmo quando, distante, apenas me abre um sorriso.

Te sinto presente, constante, abrigo
Meu pai, meu amigo.


Para o grande Homem, que é meu Pai, meu amigo, meu cúmplice, meu companheiro de tantas histórias: Passadas, amadas, choradas, sofridas, risonhas, de whisky, de viagens ao redor de um globo de plástico,de sonhos, de amores, de vida.


Com todo amor


Sua Filha.

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Você tem uma amiga Jornalista?





Pois, queridos, lhes digo, é maravilhoso!
Vou explicar:
Sabe naqueles momentos que você sabe que está fazendo uma besteira, das grandes, mas que você mesma esconde os indícios? Se você tem uma amiga Jornalista, você pode até esconder de você mesmo, mas dela nunca!
E é aí que entra todo o lado bom da coisa.
Ela consegue fazer de sua grande besteira um texto com começo meio e fim, e ainda lhe justifica as opiniões.
Está achando ruim! Que nada experimenta! Você vai ver como fica mais fácil o entendimento das coisas depois que ela apura os fatos, quantifica as corrente científicas do assunto, emite sua opinião ( que sempre será incisiva!), que se for de encontro a sua grande vontade de mesmo depois de concordar com ela, continuar e meter os pés pelas mãos, ela lhe dirá: Tudo bem, lhe entendo...Estou aqui se as coisas apertarem!
Você já leu um livro sem nunca ter aberto a primeira página dele?
Se você tem uma amiga Jornalista, você lerá.
Foi assim com Madame Bovary.
Encantei-me com as noites de conversas pelo mensage,ouvindo a história, concisa, objetiva e que me deu tanto prazer em conhecer!!!!
Ou seja, em alguns minutos de uma noite, fiquei intima de Emas, Leons, Rodolphos, Carlos e ainda me metia na narrativa, querendo que a história fosse para o rumo que eu desejava!
Platão então nem se fala...
Já passamos algumas noites a discutir sobre o tal moço e um de seus discursos.
Quando eu me imaginaria discutir Platão?
Com minha amiga Jornalista isso é possível!

Amiga Jornalista, que seria dos periódicos de minha vida, sem ter você por perto!!!!
Não desista, siga em frente, pois as borboletas estão em pleno vôo , e quando a primavera chegar elas lhe trarão todas as novas cores que esperas.
Basta acreditar e continuar sendo quem você é.




domingo, 29 de abril de 2007

Falando por mim

SONETO DA FIDELIDADE
Vinícius de Moraes
Estoril, outubro de 1939

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
e rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.


E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Meu Capitão


Espero meu Capitão.
Plantada na beira de um cais, olhos protegidos do sol, vento na cara,
mão na cintura para ter postura de agüentar o tempo de espera.

Meu Capitão foi ao mar.

Conheci meu Capitão num dia de magia.
Na hora do lusco-fusco.
Primeira impressão – Um sorriso.
Depois encantamento!

Derreti feito gelatina.
Não sabia o que fazer com gestos e palavras,
Fiquei boba.
Apenas encantamento.

Dancei uma dança de carinhos nas costas
Toque na pele
Mão no bolso

E quanto mais me encantava, mais derretia e boba ficava!

Meu capitão foi ao mar.
E eu aqui continuo a esperar.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Com Neruda


O dia amanhece morno.
Nem triste, nem alegre. Apenas morno.
No meu momento, faço de tudo para alterar o termômetro. Tornar o dia alegre, satisfatório, determinado, corajoso.
Refaço exercícios, reforço pensamentos, reedito emoções.
Morno, melancólico, saudoso de uma saudade não vivida, escondida, esperançada.
Coragem! - Digo.
Levanto, e começo o dia.
Vou à varanda, e percebo coisas onde antes não via.
Vou à outra janela. Norte/sul.
Caminhos distintos.
Tenho que sair. Vou cumprindo tarefas cotidianas.
Mas ao acaso, ao acaso? Descubro-o, me esperando numa esquina. Disfarçado, perdido no meio de tantos outros. Algo me chama atenção.
Fui até ele, ainda sem saber o que esperar.
Grande sorte a minha!
Volto ansiosa para casa.
Mas que depressa desfaço pacotes.
Abro com urgência suas folhas.
Troco de nome.
Por momentos de uma página de livro, passo a me chamar Matilde, e ele Neruda.
Transporto-me para uma varanda, com um por de sol, vinhos, conversas, redes e ele, ali deitado ao meu colo, falando ao ouvido.
Eu Matilde, Ele Neruda.